Queridas senhoras!
Venho hoje falar-vos de um fenómeno que tenho observado ao longo deste primeiro trimestre e que julgo que se irá transformar na grande tendência Primavera-Verão de 2010.
Falo-vos de um espécime que se tem revelado muito em voga na cidade, o Homo Timidus.
O Homo Timidus é um tipo de ser que, como o próprio nome indica, é tímido - ou assim afirma. O tipo de abordagem que este espécime utiliza é o que a Escola de Frankfurt chama de 'estilo-dama-antiga'. O estilo-dama-antiga caracteriza-se por ter a particularidade de nos fazer sentir únicas, utilizando o dispositivo retórico 'eu sou muito tímido, mas por ti (e graças à ajuda desta cerveja) tive a coragem de vencer a minha timidez e dizer-te aquilo que sinto'. Pelo que tenho observado, esta abordagem tem uma taxa de sucesso muito elevada, pois o objecto de desejo dificilmente escapa a ilusão de que é ele (neste caso, ela) o motor de tão tremenda transformação e coragem.
Venho hoje falar-vos de um fenómeno que tenho observado ao longo deste primeiro trimestre e que julgo que se irá transformar na grande tendência Primavera-Verão de 2010.
Falo-vos de um espécime que se tem revelado muito em voga na cidade, o Homo Timidus.
O Homo Timidus é um tipo de ser que, como o próprio nome indica, é tímido - ou assim afirma. O tipo de abordagem que este espécime utiliza é o que a Escola de Frankfurt chama de 'estilo-dama-antiga'. O estilo-dama-antiga caracteriza-se por ter a particularidade de nos fazer sentir únicas, utilizando o dispositivo retórico 'eu sou muito tímido, mas por ti (e graças à ajuda desta cerveja) tive a coragem de vencer a minha timidez e dizer-te aquilo que sinto'. Pelo que tenho observado, esta abordagem tem uma taxa de sucesso muito elevada, pois o objecto de desejo dificilmente escapa a ilusão de que é ele (neste caso, ela) o motor de tão tremenda transformação e coragem.
Depois de tanta teoria (reparem na referência à Escola de Frankfurt e no léxico utilizado), deixo-vos um case study, que esta vossa amiga anda pessoalmente a realizar (tudo em nome da ciência, claro).
Terreno: um qualquer bar de Lisboa. Condições metereológicas favoráveis: alguns raios de sol durante a tarde, chuva moderada à noite, o que naturalmente é propício ao ressurgimento sazonal da libidus activus. Actores: ele e os amigos, ela e as amigas. Resumo da situação: uns bares antes, ele olha, ela nota, amigas confirmam. Momento crucial em que o Homo Timidus ultrapassa o seu impedimento social e, cheio de coragem (e de cerveja na mão), aborda o objecto: ela passa por ele, ele agarra no braço e faz a declaração de guerra:
- Desculpa, eu sou muito tímido, mas estou a ver-te desde o outro bar e agora finalmente tive coragem para te dizer que és linda.
Bingo. Uns minutos depois, ele e ela beijam-se no meio da pista de dança.
Homo Timidus 1 - Ela 0
Apesar da timidez, ele pede que ela o leve, alegando que tudo vai acabar em 2012.
Homo Timidus 2 - Ela 0
Mas ela não o levou.
Homo Timidus 2 - Ela 1
Uns dias depois, ela manda uma mensagem mais ou menos inócua. Ele responde: "Deixas aqui uma pessoa a morrer de saudades esses dias todos?".
E é aqui que peço a vossa ajuda. Será que existe realmente o Homo Timidus? Ou, na verdade, trata-se de uma manifestação singular do bem conhecido Homo Coristus?
4 comentários:
Senhora Dona Judite, caso bicudo o seu.
De repente pensei na possibilidade tremenda e horrorosa de esse Ser se tratar de um híbrido, resultado do cruzamento de duas espécies conhecidas, homo-timidus com homo-coristos.
Ora, esta espécie nova é precisamente muito pouco estudada derivado ao facto de a nossa comunidade ciêntiífica seguir ainda muito as orientações da escola Parvonística "se é isto não pode ser aquilo".
Mas acho que, finalmente, temos aqui uma mulher de ciência capaz do Corte Epistimológico, da Revolução Copernicana, enfim, de introduzir a polémica e a inovação nesta area do saber que já anda há tanto tempo precisada de uma boa ensaboadela de Senhoras Doutoras como a Dona Judite.
muito interessante esse seu caso de estudo.
Coragem. Julgo que a Senhora é a mulher indicada para tratar deste assunto.
Se necessitar de uma técnica de laboratório, uma assistentezinha de trabalho de campo, diga.
Eu sempre admirei muito o seu trabalho e estou aqui ás ordens, Senhora Doutora.
Também eu tenho muito amor á ciência.
querida Judite, compreendo perfeitamente a sua indecisao perante a categorizaçao deste personagem, mas na minha modesta opiniao, esta é mais uma das variantes do Homo Coristus, esse espécime polifacético. Leva-me contigo que o mundo vai acabar em 2012 parece-me ser uma tirada de um certo arrojo que nao coincide exatamente com o Homo Timidus. Há que ver também se continua a insistir e aí teremos a outra variante, o Homo Coristus Melgus, muito frequente em diversos tipos de Homus.
A ciência só lhe tem a agradecer todo o seu inestimável trabalho, pelo que lhe desejo os melhoresèxitos e junto-me a sodonaSusette, conte comigo para o que lhe necessitar
Caras Sra D Susette e Sra D Pilar, agradeço penhorada a confiança que depositam no meu empreendimento científico. Creiam que é muito importante para mim sentir que o meu trabalho é reconhecido e estimado.
Agradeço também as pistas que lançam: híbrido ou sub-espécie do Homo Coristus, aqui está um questionamento que terei de aprofundar para poder chegar a conclusões verdadeiramente relevantes.
Dentro de pouco tempo estarei em condições de vos convocar para uma colaboração que, certamente, será muito proveitosa para todas. E, sobretudo (claro!) para a Ciência.
Fascinante projecto o seu, Sra. D. Judite. Tal como as restantes senhoras, aqui deixo a minha inscrição como colaboradora. Para o que julgar necessário, claro. Pela ciência, tudo, tudo, tudo!
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