sexta-feira, 30 de abril de 2010

Mojo....e tal ....


Mas não vá lá o dIABO tecêlas, e pelo sim pelo não, deixo aqui uma bonequinha voodoo de New Orleans só para proteger um bocadinho todas as senhoras deste humilde abrigo.

Esta é boa para as questões do amor, relações, sexo e tudo e tudo.

Uma ajudinha nunca fez mal pois não?

OU SE NASCE COM MOJO OU...NÃO!

Opiácidos

- Eu disse à Doutora: Carregue na anestesia que eu já meti muitas cenas.
- Mas tu só perdes a sensibilidade aos analgésicos se consumires opiáceos.
- Yá. Mas as pastilhas também são opiácidos, né?
- Não, opiáceos. Tipo, heroína, morfina.
- Ah, não foda-se, eu não meto essas merdas.

I've Lost My Mojo

Eu perdi o meu Mojo.
No Verão passado, durante mais ou menos sete meses, eu estava imparável.
Imparável e irresistível, pensava eu.
Era estalar os dedos, e eles aterravam-me no colo.
Era só sorrir o meu sorriso mágico e eles caíam que nem tordos.
Ele era homens, carradas e carradas de homens - e lindos, veja-se - a implorarem pela minha atenção.
Foi um dia, sem saber como.
Talvez seja por não saber como que agora O perdi.
Sem saber como, tudo o que era dificílimo tornou-se fácil. Tudo o que era perro e doloroso tornou-se fluido e morno, como as águas de um ribeiro ao sol.
O mundo dos homens sempre foi para mim uma coisa muito estranha. Quando foi tempo de aprender o que era um rapaz, eu estava fechada a sete chaves num colégio de freiras e o tempo de aprender passou por mim lá fora, a rir-se do meu desterro.
Nunca me recompus.
O mundo dos homens ficou irremediavelmente coartado do meu, como um membro profundamente necessário ao corpo que nunca tem força para nascer.
Durante anos revolvi-me no caixão do meu desespero, mordendo as unhas de fome, inconsolável.
Todas as tentativas de falar a língua da terra-dos-rapazes saíam infrutíferas, ridículas, patéticas.
Nunca sabia aceitar com naturalidade um elogio, uma abordagem.
Nunca senti no corpo nem na mente que os rapazes, agora homens, são só pessoas de pilinha.
Mas no Verão passado.
Anos e anos a labutar sobre a desgraça. Horas, meses, noites de eterna angústia e degredo e de trabalho, também.
No fundo do poço do degredo, a resignação.
"Não são para ti, os homens".
No fundo da resignação, a imaginação. Os Homens-Imagem, como lhes chamei. Para disfarçar com requintes parvamente intelectuais a tristeza da minha vida sensorial.
O erotismo, esse, era riquíssimo.
Eram as sensações que me faltavam.
Até ao Verão passado.
No Verão passado, foi a alegria a inundar-me o corpo. A Alegria, como uma corrente de vento fresco e perfumado a acariciar-me o rosto sussurando-me que afinal, o mundo é pleno de bondade.
Eu bem me parecia que não podia durar.
Eu bem me parecia que a Grande Cabra, a Puta, a Cadela Nojenta, não ia demorar muito até me encontrar e recomeçar a farejar-me as cuecas, a empestar-me a cara de vergonha, a morder-me as canelas que mal tinham recomeçado a cicatrizar.
A grande Cabra diz-me que afinal sou feia como era, magra e horrível como era; que não tenho direito a nada.
Não sei se ela já espreita por trás do território do Amante.
O Amante é o único homem que me resta, depois da debandada.
O Amante é, por agora, o único homem que ainda acredita nesse corpo que nasceu no Verão passado.
Mojo, volta por favor.
Mojo, não me deixes aqui com esta puta de merda a infernizar-me a vida.
Mojo. Por favor. Eu amo-te.
Volta.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Aurora

A Aurora que me deu o nome nasceu hoje, há noventa anos atrás. Foi professora primária, ensinava piano na aldeia onde viveu, enterrou marido, pais, irmão, sobrinha, viveu sozinha com uma empregada gorda num quarto andar com vista para o rio. Herdou dívidas e nunca se queixou de nada nem ninguém, decidiu ir viver para um lar porque não queria ser pesada para as sobrinhas e tenho a certeza que tinha longas conversas com deus. Rezava e não era beata, era boa e nunca chata, tinha uma paciência e amor infinitos, escrevia todos os dias no seu diário e oferecia versos quando as pessoas de quem gostava faziam anos.
Um dia disse-lhe 'é a pessoa mais boa que já conheci'. Ela sorriu e contrariou-me.
- Não digas isso. Às vezes tenho maus pensamentos.
Lembro-me dela muitas vezes e vejo-a a sorrir, nova como nunca a conheci, numa fotografia a preto em branco na minha parede.

terça-feira, 27 de abril de 2010

norte

no meio da confusão, das incertezas e mapas por desenhar, das tentativas e erros, dos risos e tristezas, das janelas abertas e correntes de ar que vão e vêm,
tenho-o a ele
um metro e quarenta e cinco de olhos bem abertos, quase três mil e setecentos dias da minha vida que hão-de ser muitos mais, dois pés trinta e seis que se cravam no chão

e me impedem de perder o norte

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Abriu a época balnear!

A direcção/gerência deste blogue tomou a liberdade de abrir formalmente a época balnear.

(a ver se isto anima um pouco que andamos muito paradinhas).

Um bem haja a todas as Senhoras Donas e aproveitem bem a nova estação.

terça-feira, 20 de abril de 2010

bombons de todos os dias

Bombons de todos os dias são aqueles que precisamos para sentir a vida mais levadeira, mais simpática, mais bonita. Abraços, olhares amorosos, mensagens, telefonemas, surpresas bonitas, palavras de carinho. Mas às vezes alguns bombons que esperávamos doces saem amargos, trazem dentro ilusões, não vimos o rótulo, pensávamos que era de noz e eram de cherry. Outros, ao principio parecem deliciosos e depois são simplesmente enjoativos.
Nem sempre um bombom faz a vida mais bela e sem bombons de todos os dias a vida fica descolorada.

E depois desta assombrosa conclusão deixo-vos uma músiquinha e vou ver se tomo um café que me arrebite os neurónios.

(se não konseguirem ver o video, cliken aki)


domingo, 18 de abril de 2010

MOJO

Na cultura Afro-Americana do Hoodoo, é um pequeno saco contendo variados ingredientes para prática de um feitiço. É através deste objecto que a energia do feitiço é canalizada.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

O primeiro dia

Hoje, pela primeira vez este ano, fui à praia!!!!
YYYuuuupppiiiiii!!!
Este, já ninguém mo tira.

o frio

Nao sei se é da janela aberta se de quê, mas ultimamente tenho um frio que nasce de dentro da espinha. Começa ao fim do dia, em geral quando chego à casa agora vazia. Cubro-me com casacos de la, ponho as pantufas de pele de cordeiro, durmo com dois edredons, e mesmo assim, este frio que me nasce de dentro nao se comove nem se demove, vem por dentro da espinha, alastra-se por todo o corpo, nao me deixa pensar. Fico abraçada a mim mesma para dar-me calor, tento saltar, pular, dançar, mas nada, sao tudo paleativos efémeros. E o problema é que já nao consigo fechar esta janela que insiste em mostrar-me a primavera que nasce lá fora. Será que alguma das senhoras conhece algum carpinteiro jeitoso?

domingo, 11 de abril de 2010

cabedal

Está uma senhora a levar a sua vida tranquila, dias a seguir a dias, meses que se empilham, aqui e ali uns quantos acontecimentos mais ou menos memoráveis que se espetam no calendário e impedem que os anos sejam iguais uns aos outros, a vida corre ou anda ou rasteja consoante lhe dá na veneta, mas ainda assim uma senhora aguenta-se na curva, sabe quem é para onde vai e qual o seu papel no universo ou qualquer coisa perto disso. Até que num dia no meio de outros dias, por uma razão qualquer que se calhar não importa nada, essa senhora descobre que não tem cabedal para isto. É que, minhas amigas, isto de andar à deriva armada em cartógrafa de si mesma tem muito que se lhe diga. De repente uma ilha onde se esperava uma península, um mar onde se supunha um deserto, um vulcão onde se imaginava um glaciar.
E duas mãos vazias sem saberem o que pôr no mapa.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Homo Desvairadus

Minhas caras amigas,
Hoje venho falar-vos de um espécime raro e muito perigoso: o Homo Desvairadus.
O Homo Desvairadus caracteriza-se pela combinação letal de loucura, inteligência e extravagância. A sua abordagem tem sido estudada pela Escola de Brighton sob a designação de 'caricatura improvável', visto que o Homo Desvairadus apresenta a capacidade performática de se ridicularizar a si mesmo, ampliando os excessos da sua personalidade de uma forma considerada irresistível pelas mulheres que sucumbem ao humor absurdo.
Passo a apresentar-vos mais um case study.
Cenário: madrugada etilizada em Lisboa. Homo Desvairadus convida a presa para um pequeno-almoço em sua casa. Passeiam no mercado. Homo Desvairadus caminha de óculos escuros entre flores e queijos e fruta, distribuindo acenos de rainha de inglaterra aos feirantes. entre passos de dança contemporânea pós-moderna. Ela morre de riso.
Homo Desvairadus 1 - Ela 0
Depois de uma manhã de sexo característica deste espécime (incansável, louco, divertido e absurdo) Homo Desvairadus avisa a sua presa: "Nunca mais te quero ver com um homem por perto". Ela ri e não leva a sério a caricatura de homem possessivo que tem à sua frente.
Homo Desvairadus 2 - Ela 0
Ao fim de umas horas de gargalhadas, orgasmos e intimidade, a presa está rendida aos encantos do Homo Desvairadus. Hipnotizada pelo humor e loucura, avança sem medo na corda bamba que poderá pôr em risco a sua brilhante carreira de mulher livre. A extravagância do espécime garante, aos olhos da sua presa, que nunca será mais do que uma aventura sem importância.
Este é o perigoso risco que o Homo Desvairadus apresenta para as mulheres que dele se aproximam: por baixo da pele de loucura e humor está uma tempestade de proporções inimagináveis.
Por isso, minhas boas amigas, fujam dele com quantos pés têm. Ou então encomendem a vossa alma aos céus e fechem os olhos. E depois digam-me como correu.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Caminhar de olhos fechados

não é só a senhora, minha boa amiga, que está virada do avesso.

hoje descobri que ando a caminhar de olhos fechados. Na minha cara eles vêem-se abertos, duas pálpebras que se movem. Mas isso é apenas o que se vê. Se alguém encostar o ouvido consegue escutar o ruído mecânico dos olhos, tic abre tic fecha tic abre tic fecha, se alguém se aproximar e olhar com atenção vai reparar que esse movimento não existe, vai reparar que eles estão fechados numa miopia inventada sabe-se-lá-por-que-razão.

Preciso do que as minhas amigas me dão, palavras duras e mãos que batem na minha cara, para me ver como realmente sou. E, se tudo correr bem, descolar os olhos que se fecharam.