terça-feira, 30 de março de 2010

HOMO MISTICUS-SENSIBILIS MERDUM EST!

segunda-feira, 29 de março de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

Eu

Eu ando maluquinha dos cornos.
No espaço de uma semana, ora me sinto bem e reconciliada com a minha vida, ora me sinto inquieta, triste, frustrada e perdida.
A única coisa constante no meio disto tudo (acho eu agora) tem sido o meu Amante. Esse sim, uma linha lisa, recta, tão segura quanto a linha de um ecrã de hospital . Acho eu agora.
Eu zango-me, apaixono-me, zango-me, apaixono-me e volto a zangar-me outra vez.
Eu, que ando para aqui a batalhar aos anos pela minha sanidade, estou afinal mais maluca e descompensada do que nunca.
Eu, a intelectual, a introspectiva, a inteligente, não pego num livro há meses, papo televisão da merda ás toneladas e olho de cinco em cinco minutos para o telefone a ver ser um gajo que tem o nono ano e vive de vender carros, me manda uma mensagem.
Eu, a mulher autónoma, lúcida e independente, a mente aberta e limpa de ideias feitas, passo os dias em casa sem fazer a ponta de um corno, obcecada com a depilação e a hidratação da pele e a descoloração dos pêlos, com a mente encharcada em preconceito, presunção e auto-compleição.
Eu, a-que-sabe-tudo, a que teve trezentos mil insights por milímetro quadrado de pensamento, ando completamente, deprimida e ao mesmo tempo a negar a minha depressão, confundida e ao mesmo tempo a negar a minha confusão, desiludida e ao mesmo tempo a negar a minha desilusão.
Porque eu, raios me partam isto, ainda nem sequer cheguei ao básico:
Não me amo, não me aceito, ainda não sou capaz de me perdoar por aquele enoooorme, graaaande, giganteeeesco pecado que já nem sei qual é e do qual já perdi a vista há séculos, e cá apenas ficou esta ferida e esta histérica a bater-me, e a fritar-me os cornos, mesmo quando já não posso mais, mesmo quando já, de rojo e sangrando abundantemente, rogo por misericórdia, mesmo quando morta, mesmo quando enterrada, mesmo quando podre desfazendo-me em bocados, mesmo quando já não eu.

Bem. Parece que agora já me sinto melhorzinha. Já passou, isto.
Deixa-me lá ao menos ler uma linha de Álvaro de Campos para não parecer tão mal. Ai não, espera, com um parágrafo de Zizek, já ninguém me aponta o dedo.
Não há nada como desabafar, realmente.
Isto é tudo muito relativo, muito relativo.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Gosto de ti como és......continuação.

Gosto de ti como és, porque és um merdas, um mentiroso, um ser doentio, um tipo monótono, um gajo previsível e até posso imaginar uma série de coisas que estás a fazer neste momento, e, até posso parafrasear aquilo que dirás à seguinte miúda que por um acaso te passar pela frente. Sim! Porque tu não escolhes, simplesmente utilizas as pessoas que por acaso estão à mão para reproduzires o teu discurso interior doentio e cíclico.
Gosto de ti como és, porque agora vejo como és.
Gosto de ti como és, porque agora começo verdadeiramente a sentir uma distância.
Gosto de ti como és, porque agora começo a sentir-me livre.
Gosto de ti como és, porque não vales nada, és um zero à esquerda, és inumano, és uma não-pessoa.
Gosto muito, mas mesmo muito de ti como és, porque não prestas para nada.

Receita de Muffins

Minhas queridas Sras. ando muito desaparecida por este nosso abrigo.
Ando em arrumações, divagações, curas de feridas, tentativas de cicatrização (nas quais estou a põr Bacitracina para a regeneração ser mais rápida) e reflexões profundas acerca daquilo que sou e que "raio" ando aqui a fazer.
Por tudo isto parece-me pertinente deixar-vos aqui uma receita de Muffins.
É uma receita base.
Eu gosto de receitas base. Temos a base e depois é só deixar a imaginação voar, escolher os ingredientes conforme a inspiração do momento (ou o que despensa permitir) et voillá!
As receitas base (tipo Muffins, Scones, Empadas, Bolos e Bolas) são como as relações, têm de existir premissas de base de entendimento e o resto é o sal da vidas. Ou seja, cada pessoa é como um ingrediente diferente que estabelece um sabor, uma textura e uma cor próprias com a tal receita de base.
Passemos então à dita relação...perdão... receita.

MUFFINS
Farinha - Lealdade (250g.)
Fermento - Confiança (1 clh. sopa)
Sal - Alegria (meia clh.chá)
Ovo - Preocupação (1)
Leite -Cuidado (170 ml)
Óleo -Carinho (60 ml)
Açucar -Amor (meia clh. sopa)

Primeiro juntam-se os ingredientes sólidos, faz-se um buraco no meio e adicionam-se os ingredientes liquidos. Misturar tudo muito bem com uma colher de pau e em seguinda juntar os ingredientes sugeridos na lista seguinte:

Bacon+Emmental / Pedro+Confiança
Atum+ Azeitonas Pretas / Andreia+ Companheirismo
Salmão+ Endro / António+ Desgosto
Courgete+Manjerona / Paula+Carinho
Cenoura+Manjericão / Quim+Deixa-andar
Farinheira+ Salsa / Joana+Traição
Pimentos Ver.+ Coentros / Carla+Excentricidade
Beringela+ Caril / André+ Amor
Feta+ Paprica / Verónica+Disparate
Chouriço+Cebolinho / Cátia+Profundidade

Espero que gostem (ressalva: por vezes nem todas as combinações correm bem, mas não há que desmoralizar e continuar sempre sempre a experimentar porque a seguinte será sempre muito melhor).

Bon appettizer

terça-feira, 23 de março de 2010

Alfândega

Caras senhoras
a Administração do Abrigo tem o dever de vos informar que hoje alguém chegou até nós através do google , onde procurava caralhos grandes. Tanto quanto a Administração sabe, não temos disso por aqui. 
Ou as senhoras têm algo a declarar?

Guerra aos pêlos?

Eu, de nome Sra. D. Judite desde que nasci, cientista dedicada, intelectual inconformada, lutadora pela emancipação da minha pessoa que nasceu mulher, defensora acérrima da liberdade individual e do respeito pelo conjunto, declaro aqui publicamente a todas as senhoras com quem partilho este abrigo e a todos os caríssimos leitores que:
SOU UMA MULHER INFLUENCIAVEL!
Sim, deixei-me influenciar pelas minhas amigas e eu também declarei guerra ao pêlo (pelo menos tentei).
Eu que não fazia as virilhas há mais de quatro anos e declarava publicamente à laia de “statement” -“Nunca, mas nunca, farei uma dessas depilações pós-coloniais importadas do Brasil. Eu marcarei a diferença com a minha pilosidade à anos 70 que foi os anos que eu nasci. Os homens olharão para mim e dirão, porra até que enfim alguém com com pêlos nesta cidade!”
Mas não. Deixei-me influenciar por bigodinhos e estrelinhas, corações e tirinhas, grandes lábios e ânus completamente depilados, que todas as minhas amigas fizeram questão de me demonstrar ao vivo e a cores e com descrições detalhadas e rocambolescas de todo o processo.
Então hoje de manhã olhei-me ao espelho e lá estavam eles indomáveis e desafiadores a sair pelos lados das minhas cuecas semi-sexys.
Olhei-me, e, pela primeira vez pensei “Alto lá! Isto não é lá muito sexy!”.
Saí então determinada e fui ao supermercado comprar bandas depilatórias porque achei que até nisto poderia ser auto-suficiente.
Erro crasso. Não só não me pus nas mãos de uma profissional como me entusiasmei. Como não doía tanto como tinha imaginado massacrei as minhas virilhas 3 vezes. Ia já decidida ao ânus e aos grandes lábios, tudo isto em frente ao mesmo espelho em que outrora contemplava feliz a minha pilosidade “seventies” que tanto adorava, quando percebi que estava de facto a massacrar massivamente a minha pele.
Pois é caríssimos todos, fiquei com as virilhas em hematoma. Mas no fim, menos mal, mantive os “pêlos originais”.
Por isso declaro “Não à guerra aos pêlos. Não. Pim.”
Quanto muito ficar-me-ei por uma depilação caseira old-school.
E afirmo aqui também e veementemente que existirão coisas nas quais me manterei para sempre conservadora.
Os pêlos púbicos serão sem dúvidas uma delas.

Homo Descaradus

Minhas amigas,
Venho hoje falar-vos de uma constatação muito significativa que nos últimos dias veio alterar o rumo de todo o meu extenuante trabalho de campo. Ao contrário do que se julgava, o Homo Descaradus não é uma espécie em extinção. Ele existe e resiste ainda e sempre à pressão demográfica do Homo Timidus.
O tipo de abordagem que este espécime utiliza é o que a Escola de Chicago denomina de 'quebra-gelo'. O 'quebra-gelo' não utiliza subterfúgios: vai directo ao assunto usando sempre o sentido de humor como trunfo. Pode, inclusivamente, chegar ao ponto de negociar os mais ínfimos pormenores da interacção social (e sexual) que se irá desenrolar. A taxa de sucesso do Homo Descaradus é de difícil determinação, o que julgamos dever-se ao facto de não apelar a ideias românticas, tal como acontece com o Homo Timidus.
Como sempre, um case study para ilustrar este tipo de homens.
Terreno: uma qualquer rua da cidade. Condições metereológicas: indiferentes. Actores: ele e ela. Resumo da situação: depois de se ter feito a um convite para jantar, ele adianta peremptoriamente à laia de brincadeira: 'a seguir vamos ter sexo, não é?'. Ela ri e deixa cair um "Ah! Pode ser."
Homo Descaradus 1, Ela 0.
A fase da negociação.
Ela: "Aviso-te já que não faço os pelos das virilhas!"
Ele, quase em pânico: " Mas... mas são muito grandes?"
Homo Descaradus 1, Ela 1
Ele: "Olha eu estou muito gordo! Vês, vês?" pergunta abanando a barriga.
Ela:" Não faz mal, não faz mal." diz ela desconcertada a olhar para a barriga trémula.
Homo Descaradus 2, Ela 1
Ele:" Vais-me olhar nos olhos?"
Ela:" Eu olho sempre nos olhos!"
Bingo 2 points equal.


Aqui levanta-se um problema epistemológico, pois julgo ser de toda a pertinência científica desenvolver uma taxonomia para o objecto do desejo, pois este tipo de interacção revela-se-nos uma interacção dialéctica.
E é aqui que eu encontro um desafio científico. Poderá o Homo Descaradus ser "batido" pela Mulier Descaradus?

segunda-feira, 22 de março de 2010

estava à procura de não sei o quê


estava à procura de não sei o quê na internet e encontrei esta fotografia do Peter Stackpole. Chama-se Santa Fe Fiesta e foi tirada em 1949. No meio de centenas de imagens, parei nesta. No meio da centenas de imagens espalhadas neste espaço onde se gastam tantas horas, descobri o retrato da minha mãe quando era pequena. Mentira. Esta não é a minha mãe. Mas podia ser. O mesmo sorriso, o mesmo olhar, o mesmo cabelo, um vestido igual a tantos outros que a minha-mãe-quando-criança-usava. Em 1949 a minha mãe tinha 3 anos e vivia em São Tomé, tomava banho na praia do pantufo, invejava o cachimbo da lavadeira e era feliz. Em 2010, a minha mãe já não está aqui há muito tempo e descubro-a no retrato de uma criança que não é ela. Se calhar só se morre quando desaparece a última pessoa que se lembra de nós. Nem que seja para nos ver onde não estamos.

domingo, 21 de março de 2010

Homo Timidus: realidade ou ficção?

Queridas senhoras!
Venho hoje falar-vos de um fenómeno que tenho observado ao longo deste primeiro trimestre e que julgo que se irá transformar na grande tendência Primavera-Verão de 2010.
Falo-vos de um espécime que se tem revelado muito em voga na cidade, o Homo Timidus.
O Homo Timidus é um tipo de ser que, como o próprio nome indica, é tímido - ou assim afirma. O tipo de abordagem que este espécime utiliza é o que a Escola de Frankfurt chama de 'estilo-dama-antiga'. O estilo-dama-antiga caracteriza-se por ter a particularidade de nos fazer sentir únicas, utilizando o dispositivo retórico 'eu sou muito tímido, mas por ti (e graças à ajuda desta cerveja) tive a coragem de vencer a minha timidez e dizer-te aquilo que sinto'. Pelo que tenho observado, esta abordagem tem uma taxa de sucesso muito elevada, pois o objecto de desejo dificilmente escapa a ilusão de que é ele (neste caso, ela) o motor de tão tremenda transformação e coragem.
Depois de tanta teoria (reparem na referência à Escola de Frankfurt e no léxico utilizado), deixo-vos um case study, que esta vossa amiga anda pessoalmente a realizar (tudo em nome da ciência, claro).
Terreno: um qualquer bar de Lisboa. Condições metereológicas favoráveis: alguns raios de sol durante a tarde, chuva moderada à noite, o que naturalmente é propício ao ressurgimento sazonal da libidus activus. Actores: ele e os amigos, ela e as amigas. Resumo da situação: uns bares antes, ele olha, ela nota, amigas confirmam. Momento crucial em que o Homo Timidus ultrapassa o seu impedimento social e, cheio de coragem (e de cerveja na mão), aborda o objecto: ela passa por ele, ele agarra no braço e faz a declaração de guerra:
- Desculpa, eu sou muito tímido, mas estou a ver-te desde o outro bar e agora finalmente tive coragem para te dizer que és linda.
Bingo. Uns minutos depois, ele e ela beijam-se no meio da pista de dança.
Homo Timidus 1 - Ela 0
Apesar da timidez, ele pede que ela o leve, alegando que tudo vai acabar em 2012.
Homo Timidus 2 - Ela 0
Mas ela não o levou.
Homo Timidus 2 - Ela 1
Uns dias depois, ela manda uma mensagem mais ou menos inócua. Ele responde: "Deixas aqui uma pessoa a morrer de saudades esses dias todos?".
E é aqui que peço a vossa ajuda. Será que existe realmente o Homo Timidus? Ou, na verdade, trata-se de uma manifestação singular do bem conhecido Homo Coristus?

sexta-feira, 19 de março de 2010

FRANGO COM WHISKY

Ingredientes:
- 1 garrafa de whisky (do bom, claro!)
- 1 frango de aproximadamente 2 kg
- sal, pimenta e ervas de cheiro a gosto
- 150 ml de azeite virgem
- nozes moídas q.b.

Modo de preparar:
- pegue no frango
- beba um copo de whisky
- envolva o frango com sal, pimenta e as ervas
- barre com azeite
- beba outro copo de whisky
- pré-aqueça o forno aproximadamente 10 minutos
- sirva-se de uma boa dose (caprichada) de whisky enquanto aguarda.
- use as nozes moídas como aperitivo
- coloque o frango numa assadeira grande.
- sirva-se de mais duas doses de whisky.

- Axuste o terbostato na marca 3 , e debois de uns vinte binutos, ponha a assassinar. - digu: assar a ave.
- Beba outra dose de whisky
- Debois de beia hora, formar a abaertura e gontrolar a assadura do bicho.
- Tentar zentar na gadeira.
- Sirva-se de uoooooooootra dose generosa de whisky.
- Cozer(?), costurar(?), cozinhar, sei lá, voda-se o vrango.

- Deixáááár o filho da buta do pato no vorno por umas 4 horas.
- Tentar retirar o vrango do vorno. Num vai guemar a mão, dasss!
- Mandar mais uma boa dose de whisky p'ra dentro . De si, é claro.
- Tentar novamente tirar o sacana do gansu do vorno, porque na primeira teenndadiiiva dããão deeeeuuuuuu.

- Begar o vrango que gaiu no jão e enjugar o filho da buta com o bano de jão e cologá-lo numa pandeja ou qualquer outra borra, bois avinal você nem gosssssssssta muito desse adimal mesmo.

- 'Tá Bronto.

caixa de música

há noites em que a caixa de música é afinal uma enorme colecção de cromos. O actor-publicitário-yogi-kungfuzado que foi ao quem quer ser milionário e mostra no bigode preto todos os pêlos que não tem na cabeça. A rapariga bem comportada que solta vulgaridades com um ar cândido. O gótico bipolar, que oscila entre a kalashnikov do mau feitio e o sorriso com requebros de anita. O adónis tímido que faz pela vida. O ribatejano que afinal nasceu em mogadiscio e tem tanta coisa na cabeça que quase o vemos trepar as paredes. E três senhoras ali no meio, a dançarem e a rirem do absurdo de tudo isto.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Desabafo

Há semanas, meses, períodos da nossa existência absolutamente fodidos.
E quando mais seria indispensável pensar que as coisas são todas relativas e fugazes, mais nos concentramos e sofremos com toda e qualquer minudência.
Estou a precisar de cristalizar por uns tempos e bom seria que ao acordar estivesse tudo calmo e pacífico e até prescindo da cena novelesca, de gosto duvido, de ser acordada pelo meu príncipe!

terça-feira, 16 de março de 2010

A outra vida

Eu vivo uma vida à margem da minha família, filhas e amigos,
uma vida para lá dos meus sonhos e desejos,
para lá do que gosto e do que quero,
para lá de todos os meus portos de abrigo,
uma vida que absorve grande parte da minha energia,
uma vida que ocupa mais de metade do tempo que tenho para as minhas outras vidas, e que eu sei que não é a vida que quero viver!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Dançar

foto de Gjon Mili, aqui


Um dia li uma frase da Vicki Baum que não esqueci: "There are shortcuts to happiness, and dancing is one of them".
Mas há pessoas que fogem deste atalho para a felicidade. Não consigo acreditar quando oiço alguém dizer 'não gosto de dançar'. Quem não dança é porque tem vergonha do seu corpo em liberdade.

O sangue, o sangue.

A amiga deixa-me em Carcavelos.
Na estação está um táxi à minha espera.
Então lembro-me: Foda-se! estou com o periodo, merda, que estúpida! São 4 da manhã, o gajo à minha espera na Pensão (o gajo, entre outras coisas muito estrambólicas, é casado) e eu agora com o período.
O Mercedes deixa-me ao pé da esplanada, no lado direito do Casino do Estoril.
No meio, o jardim está deserto (afinal não está na Pensão, está no jardim, a dar voltas e mais voltas com uma garrafa de fanta-laranja debaixo do braço)
Dou-lhe um beijo e digo-lhe logo,- Ó pá esqueci-me de te avisar que estou com o periodo...
- Ah Sim? E então...? (gole de fanta)
- Não te importas?
- Não me importo...? (enrola outra ganza)
- Sim, a cena do sangue (a questão é tremendamente pertinente porque, ipsis verbis, procurando o fundo dos meus olhos a mostrar sinceridade : "Pá, eu ficava aqui a lamber-te o resto da vida... se não tivesse outras coisas para fazer, claro" (pequeno sorriso))
Na pensão:
(enquanto enrola outra ganza, para poupar tempo)- Pá,tira-me aí a bota.
Eu: Olha, estas são mais fáceis.
- Yá. As outras eram dos fuzileiros. Bué da fodidas, essas. Partes a boca toda a um gajo só com uma biqueirada (estica-me o outro pé)
A seguir calças com cinto agarrado, meias cuecas camisola, meias e sapatos meus, calças, camisola, cuecas. Tudo arrancado, desta vez, com as suas mãos.
Menos o tampão. O tampão por ora fica.
Na cama somos quase iguais. Magros e muito brancos, tudo o que eu quero, ele faz. Tudo o que eu faço, ele gosta.
Começa a descer para me lamber-a-vida-toda-se-não-tivesse-outras-coisas-para-fazer-claro (pequeno sorriso).
- Pera, pera, mas ouve lá, eu estou com o periodo.
- Eu sei meu, esquece isso. Já estou farto de ver sangue, meu. Tive bué da sangue a jorrar-me em cima, meu.
(Bué da sangue a jorrar-me em cima. Bolas, essa gaja devia estar MESMO com o periodo)
Ataque de riso. Sangue a jorrar-te em cima?! Mas isso para ti é água ou fanta ou quê?!
Ataque (moderado) de riso. Não, meu. Nos fuzileiros já vi bué da gajos a rasgarem-se todos à minha frente, meu. Sangue à fartazana, tás a brincar? Cenas mesmo fudidas.
(já mais descansada, afinal eram só tripas de fora e não uma gaja com uma menstruação megalómana).
Pronto, pronto. É só que à maioria dos gajos faz confusão, até por causa do cheiro e isso.
- Cheiro? Eu já não tenho cheiro, meu. Acho que foi dos ácidos. Eu nem meto muito ácidos, mas quando meto é mesmo à fartazana. Yá. Ando para aí 6 dias sem dormir.
- Ataque de riso. Pois, tu és um homem moderado, já percebi.
(gole de cerveja comprada na recepção) pá, eu nem meto muitas drogas, meu. Tenho aí uns amigos sempre bué da cocaínados e o caralho. Não curto nada essas merdas, meu.
Pois claro. Vê-se que és um gajo com a cabeça no lugar.
Bem. força nisso lá então.
- Sim, mas tira lá o senhor, faz favor.
Obedeço sem mais perguntas. Vou à casa de banho e tiro o tampão. Não está assim tão mau, ainda é o primeiro dia.
Volto à cama e meu dito, meu feito. Lambe-me toda (por ora não tem outras coisas para fazer, pequeno sorriso)
Terminado o único e maravilhoso minete em periodo menstrual da minha vida:
Dá-me o toque: Olha, atenção aí que tens os dedos com um bocadinho de sangue.
Eu, malandra: Então vá, agora vem-me lavar.
Senta-me no bidé, e observa a área a limpar. Pondera a temperatura da água, depois acaricia-me e acaricia-me e acaricia-me cuidadosamente com as mãos previamente cobertas de espuma.
A água vai escorrendo pelo ralo, primeiro misturada em delicadas bolhas cor-de-rosa e depois já absolutamente cintilante e transparente.
Tudo está limpo e perfeitamente perfumado. E seco pelas mãos do homem que fazem da toalha uma pequena almofada fôfa imaculadamente branca, até ao fim.
Retribuo o gesto. A água quente envolve-lhe o pénis numa erecção perfeita.
Voltamos para a cama só algumas horas depois é que volto a meter um tampão.

quinta-feira, 11 de março de 2010

terça-feira, 9 de março de 2010

Regra fundamental da mulher emancipada

Foder com quem quisermos, sim. Mas nunca repetir. Porque se repetimos, estamos fodidas.

terça-feira, 2 de março de 2010

Dor fantasma

- Onde é que lhe dói? Pergunta o médico, apalpando-me muito sério a barriga.
- Aqui...? hum? aqui...?
Eu dentro do corpo á procura. Ao mesmo tempo quase mentirosa vou respondendo.
- n-não...não é bem aí...um bocadinho mais para baixo. Ás vezes quando respiro mais fundo.
O médico prossegue o exame, agora com espreitadelas semi-desconfiadas pelo rabo do olho.
- Vire-se, por favor. Levante a camisola.
(Mais vale é tirar a porra camisola, foda-se. merda. Merdamerdamerdamerda.)
"Ontem doía-me tanto" pedincho eu, esticando a cabeça sobre o ombro, olhos implorativos em busca de compreensão.
- Não fale. Respire. Outra vez. Mais uma vez.
(nunca respirei com tanta aplicação. Porto-me sempre tão bem, no médico.)
- Minha senhora. Não encontro nada.
- O quê? mas é que eu ontem... - respire mais uma vez, por favor.
(dou o meu melhor, cada respiração é uma vénia de solenidade e compenetração)
- Pode vestir-se.
Enfio a camisola. Está ao contrário mas agora tenho vergonha de a pôr bem. Lá fico sentada na borda da marquesa á espera, evidentemente, da estocada final.
Os médicos têm sempre uma estocada final. Nunca terminam uma consulta assim, sem um remate final.
- Minha senhora. (larga tudo, estetoescópio, óculos, luvas. Cruza os braços sobre o corpo, encosta-se ao tampo da secretária)
- Está tudo bem consigo. Não encontrei nada, está tudo bem.
Eu de rabo fincado na merda da marquesa, já estou a ver a coisa a vir, sinto as lágrimas a treparem a garganta em busca do vidro dos olhos para toda a gente ver, sinto o gelo das mãos a virar-se contra mim e a atacar-me de vergonha vandalizando-me a face.
- Minha senhora. Está tudo bem consigo. Esta dor não é sua.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Fé esperança e caridade

Homens.
Como na música, gosto de todos. Não há homens maus. Há homens perdidos, homens cobardes, homens valentes, homens feios e bonitos, homens estúpidos, homens brilhantes.
Acreditemos neste mantra, minhas queridas senhoras, e nosso será o reino dos céus na terra.