terça-feira, 29 de junho de 2010

esquimó à esquina


O ano de 2010 tem sido bom e generoso para com esta vossa amiga. Tão bom e tão generoso que me rendi à evidência de quatro palavras: ce-li-ba-to.
Este voto apenas poderá ser quebrado com um esquimó, licenciado em electrotecnia na Univesidade de Sfax.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Negritude na ordem do dia

Nasci preta, num longínquo país de África.
Sempre me irritou aquela coisa de não se chamar pretos aos pretos, de se chamar africano, pessoa de raça (?), de cor , negro, pardo, etc. Tudo, menos preto.
Sempre me chamei e sempre quis ser chamada de preta, ignorando e ignorante de todas as correntes antropológicas e sociológicas existentes à volta do assunto.
Acho que esta foi a primeiro forma que encontrei de assumir a minha negritude. Infantil, patética, pouco politizada, deselegante, muitos dirão.
Habituei-me desde pequena a viver entre os brancos, a ser a diferente entre os demais, a preta da turma, a preta da faculdade, a preta do trabalho.
Nos sítios e locais onde circulava não existiam pretos, para além da minha família, está claro.
No entanto, sempre tive um fascínio enorme por África, sempre me senti orgulhosamente preta. Tudo meio bacoco, tudo muito pouco elaborado. Nunca reflecti seriamente sobre o que é ser preta, sobre o racismo, sobre se fará sentido assumir uma identidade negra.
Agora, por diversos motivos, mas especialmente devido ao facto de estar envolvida com um homem preto (Uah!!!), estas questões têm surgido fortemente. Dou por mim a perguntar se serei assim tão preta? Isto porque à força de tanto lidar com brancos, percebo que os pretos, aqueles com quem em tese eu sempre me identifiquei, na prática, são os outros. Esta constatação para além de estranha e curiosa, obriga-me a confrontar-me, mais uma vez, com as grandes ironias da vida.
Senhoras do Abrigo, a próxima, está prometido, é sobre o meu homem africanus experientus!

Vi isto numa montra


vi isto numa montra e lembrei-me do que disse, Sra. D. Susette Esta t-shirt deve ser para homens que dispensam os eufemismos patéticos para não dizerem"foder" quando "foder" é o que querem.
Sabe o que lhe digo, querida amiga, queridas amigas? Estou em crer que os homens só usam esses eufemismos patéticos porque julgam que as palavras cruas ferem a nossa sensibilidade de cristal.
Só precisamos de ter um pouco de paciência e explicar-lhes que foder é foder e conhaque é conhaque. O conhaque do 'fazer amor' toma-se com parcimónia, em ocasiões especiais, e com uma pessoa que nos cai do céu aos trambolhões e ocupa o nosso coração.
Foder é bom, faz bem ao corpo e à alma, e fazemo-lo com quem nos apetece.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Um minuto de atenção

Minhas queridas senhoras,
Tenho assistido em silêncio aos balanços das nossas amigas que fazem anos por agora e às notícias de quem anda menos aparecida, e constato com estupefacção que todas vós foram acometidas de uma perigosa síndrome (confirmei e é um substantivo feminino, sim senhora), cujo mais evidente sintoma é a honestidade radical sobre a idade.
Ora as minhas amigas já deveriam saber por esta altura,que não há nada mais desagradável do que a verdade sobre um tema tão sensível quanto o ano de nascimento. A Escola de Ayamonte, que se tem dedicado a estudar o que chamam de 'síndrome do envelhecimento discursivo', tem publicado inúmeros estudos sobre as consequências perniciosas da assunção pública da idade biológica.
O trabalho dos investigadores da Escola de Ayamonte baseia-se na observação de duas coortes: a coorte A, constituída por pessoas com mais de 30 anos que revelam a sua idade real, e a coorte B, constituída por pessoas da mesma classe etária que divulgam uma idade menor do que a real.
Os estudos publicados revelam que as pessoas da coorte A apresentam um número muito significativo de queixas diversas (melancolia, dores nas costas, ejaculação precoce, halitose, para citar apenas algumas), e parecem ficar enredadas em exercícios de matemática existencial inútil ('com esta idade e que fiz eu da minha vida?'). As pessoas da coorte B, parecem convencer os seus corpos que ainda não chegou a hora da unha encravada e descobrem um tempo imenso à sua frente.
Por isso, minhas amigas, toca a escolher uma idade nova. É que ainda é muito cedo para a ciática e para a alma descaída.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Anda pr´aqui uma metamorfose!!


Para a Sra.D.Vitória..















..e para todas nós também.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Novidades sobre mim

Esta Senhora D., talvez pelo fervoroso fanatismo com que se tem dedicado a pensar sobre a vida, em busca, espera, de melhorar como pessoa (breve pausa para anúncio Dove), tem vindo a recolher uma série de novidades sobre a sua pessoa. Algumas das quais contrariam a imagem que teve de si própria durante anos e anos. Imagem que marcou a sua existência e que formou ou deformou a sua realidade.
Durante anos o seu espelho devolvia-lhe a imagem da miúda cool, leve, que queria gozar o lado prazeiroso da vida, com amor, sempre muito amor. Uma criatura movida pelas emoções.
Aos 37 anos - pronto, vá, já que estamos numa de assumir a idade - a tal da Senhora D., recebeu de si própria a notícia de que se havia tornando num ser pesado, ansioso e comandado excessivamente pelo lado racional. Um ser que bloqueou no capítulo das emoções, que faz pontos de situação regulares e sistemáticos; que suporta cada vez menos as margens de erro; que não se deixa ir.
Ainda a tentar recuperar do espanto e perplexidade que as suas recém descobertas provocaram, está p'ra aqui a tentar submergir devagarinho e a tentar inventar uma nova identidade.

Bom dia Celeste!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Peço desculpa mas ocorreu um erro na imagem anterior.

Afinal o meu coração hoje está assim:

a la mierda.......

Gostava de escrever qualquer coisa, tipo um poema em prosa como eu tanto gosto de escrever.
Gostava de dizer de uma forma poética o quanto estou triste, o quanto estou cansada, o quanto estou magoada, o quanto acreditei nisto tudo, o mal que me fiz em me meter nesta situação toda. Gostava de dizer de uma forma sensivel e fofinha o quanto me doi a alma e suspirar e sentir-me uma vitima da situação e quanto tudo isto me faz não agarrar a minha vida.
Gostava de me vitimizar um pouco e até culpar um bocadinho o outro.
Contudo...... nada disto seria uma novidade, principalmente para mim.
E melhor, hoje não me apetece escrever poesia e mesmo nada estar melancólica, e muito menos sentir "o puto" coração encolhido e a merda da alma amachucada.
Portanto mando tudo pró caralho e somente digo.
VOU CURTIR O VERÃO E BEBER VINHO VERDE.
VOU-ME BRONZEAR E FICAR GIRA DE MORRER.
VOU ESTUDAR PARA OS EXAMES E TIRAR ESTE SACO DE BATATAS DAS COSTAS.
VOU ESTAR COM OS MEUS AMIGOS E RIR E DIZER DISPARATES ATÉ CAIR PARA O LADO E DOEREM-ME AS BOCHECHAS E A BARRIGA E TUDO E TUDO.
VOU TIRAR FÉRIAS DOS HOMENS E DAS RELAÇÕES.
VOU MANDAR À MERDA QUEM ME FODER O JUIZO.
VOU CORRER Á PAULADA QUEM ME TENTAR DAR A VOLTA.
VOU DEIXAR DE DAR IMPORTÂNCIA AO QUE EU ACHO QUE OS OUTROS PENSAM.
VOU ME CONTINUAR A CONSTRUIR E A CRESCER E TENTAR SEMPRE SEMPRE SER UMA PESSOA MELHOR.
E VOU SER LIVRE
LIVRE LIVRE LIVRE
LIVRE LIVRE LIVRE LIVRE
LIVRE LIVRE

ou seja vou me ver livre de mim
(Calma que isto não é uma nota suicida foi somente o pequeno apontamento patético-poético. Não resisiti.)

Era bom Sra.D.Aurora que o meu coração estivesse assim tão doce.
Mas acho que neste momento é mais assim....

é um destes


que tem no coração, Sra. D. Celeste?

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A posse faz o medo.

E o querer possuir também.

sábado, 5 de junho de 2010

à beira de

à beira dos trinta e nove, embalada pelas amigas que fazem listas e balanços, olho para mim, para o que sou e tenho comigo, para o que perdi e o que fui ganhando, e encontro outra vez o elefante que salta de nenúfar em nenúfar para atravessar o lago,
(salta sem pensar muito, salta sem ouvir quem lhe diz que os nenúfares são plantas aquáticas frágeis, que talvez fosse melhor contornar o lago ou construir uma ponte, que a água pode estar fria e ainda ficas doente, que os elefantes não são acrobatas e isto ainda vai acabar mal, quem te avisa teu amigo é)
lá está ele à beira do lago, já se afundou umas quantas vezes mas parece que não aprende, fica ali parado a medir os nenúfares, a decifrar as cores com que crescem na água, trabalho, amor, vida, decisões que mudam tudo, qual irei escolher agora?, a estudar as sombras que desenham no lago, a antecipar como será o salto
à beira dos trinta e nove tenho menos medo de saltos improváveis que do chão sólido e firme.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sushi-no-Lixo

Prólogo.
Eu e as minhas amigas há tempos inventámos a expressão "sushi-no-lixo".
Essa expressão teve origem num dos mais patéticos, egocêntricos, infantis e principalmente absurdos momentos da minha vida, que passo a partilhar.
Não sei se é o meu lado masoquista, ou quê, não sei... Acho que vale a pena partilhar.
Por favor, sêde generosas na vossa apreciação... tende pena desta senhora tão, tão, TÃO pateta e parva...
O diálogo que se segue (como se não bastasse o conteúdo ser suficientemente tonto em si) deu-se por sms.


2 de Março às 23:04, o Amante:
Como ta a minha amiga
(Ah,lembrou-se de dar notícias, que coincidência (suspiro irónico). logo na noite em que tu sabes que costumo saír com os meus amigos.)
23:04, Amante:
Hoje comecei o meu trabalho por isso não disse nada à tarde
(pois claro)
00:20, Amante:
Ta no seu copo de terça feira
(se sabes, para que é que perguntas. – já com os copos - Não disseste nada a semana toda, vens-me agora farejar no MEU dia para quê.)
Susette:
Estou sim. A exorcisar fantasmas (fantasma nº 1. Atente-se na qualidade literária do texto). Perigoso mas necessário. Amanhã será outro dia. Quero-o tanto. Amanhã será outro dia. Beijo, beijo, beijo. (e não é que quero mesmo. Foda-se, estou fodida.)
00:39, Amante:
Vamos tirar a tarde para nos de manha trabalho até à uma bj e uma boa noite
(vamos, vamos, vamos, vamos)
Susette:
A noite vai ser difícil mas todas as noites têm um fim. E senti-lo é tão bom. Até amanhã, meu querido.(a cólidade aumenta a olhos vistos)
00:51, Amante:
Amanha almocávamos sushi e saciávamos os nossos corpos escaldantes um no outro sem haver amanha (somos dois escritores)
Susette:
Sim, sim, sim, salva-me dos fantasmas desta noite (fantasma nº2, já completamentente, completamente, com os copos. Sentido estético apuradíssimo). Amanhã. Meu querido. Amanhã
00:57, Amante:
---
1:01, Amante:
E onde vai gastar às energias hoje
Susette:
Hoje, só no álcool. C uma amiga disposta a levar c os meus fantasmas ( e olha o fantasma nº3! “completamente com os copos” já não chega para descrever o meu estado). Amanhã será um novo dia. Um dia novo, consigo, meu querido.(demorei para aí 15 minutos só a tentar acertar c'o dedo nas teclas. Outros 15 para corrigir os erros… e praí meio segundo para ter uma ideia claríssima do que era importante dizer)

3 de Março 16:19, o Amante:
Já acordou
Susette:
Bom dia! (completamente fodida, o estúpido não me ligou ao almoço)
16:21, Amante:
Tenho de ir tira la da cama
(ah, afinal não te esqueceste, tão querido.)
Susette:
De facto, ainda estou na caminha!(mentirosa, já tinha acordado há quatro horas)
Susette:
Q piela apanhei, valha-me deus. M n tenho ressaca, ah! ah! (“ah!ah!” o caralho, eu só queria era saber quando é q o gajo falava do Sushi)

... ...

Susette:
Então, desististe de me vir tirar da cama? (fodida, ofendida, e a caminho de sentir a honra profundamente atacada)
17:20, Amante:
Lol agora cheguei ao ginasio
(Ãein hhhh?!!!...*#!!!##*??!!!)
Susette:
Bom. Lá meti o sushi no lixo. A tarde já terminou e eu vou arranjar outro programa. (fazer-me uma desfeita destas, a mim?! Uma senhora?! Paletes e paletes de gajos a trás de mim e vem-me calhar este… este…)
18:45, Amante:
Mas o sushi era ao almoço. Não disseste nada eu é que falei contigo ás quatro.
(Mas tá parvo?! e agora não respondo, porra!!)
20:31, Amante:
Não percebi essa do sushi pro lixo
(e não respondo, não respondo, NÃO RES-PON-DO!)
20:47, Amante:
Não vou ter resposta
(tóóóóma! INCHA, PORCO!!!)

quinta-feira, 3 de junho de 2010

uma manhã como todas as outras

Não sei porquê, lembrei-me dela. Umas horas depois, encontrei-a a dormir num banco de jardim.
As rainhas são seres misteriosos. Mesmo sem coroa nem manto, nunca perdem o ar aristocrático.