quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A janela (novamente porque isto é um blogue que se presta a monotemas).

(De repente já não sinto raiva, não me apetece falar mais, não me apetece tomar uma decisão e tenho medo de ter medo.)

Deixei a janela aberta muito tempo, está tudo desarrumado, desalinhado, caótico, confuso, escuro e partido.
Por entre estes escombros caminho devagarinho, e, em silêncio, pé ante pé para não me fazer ouvir quero-me invisível.
Caminho muito devagar até à janela e quero fechá-la, e sei que o vou conseguir mas sei que talvez não seja no tempo que imagino nem com a força e determinação que ambiciono.
Talvez tenha de a fechar muito devagarinho e em silêncio e quase eu invisível com muito cuidado e delicadeza para ninguém me ver, para eu própria não me ver.
Não tenho forças. Não tenho forças para arrumar, não tenho forças para a fechar, não tenho forças para lutar e nem sequer tenho forças para ter raiva.

Acho que vou ficar assim quieta muito sossegada num canto desta sala que é o meu peito, em contemplação, a ver a janela a fechar-se sozinha, e só quando não houver uma réstia de luz aí sim vou poder descansar e vou dormir e vou deitar o meu corpo mesmo em cima do caos e dos cacos e dos restos, e recuperar todas as forças de que sou feita.
Irei surgir, não das cinzas como a Fénix, mas dos escombros que também ajudei a criar. E sinceramente não sei como vou surgir mas será certamente um pouco diferente.

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