domingo, 28 de fevereiro de 2010

de par em par

Durante algum tempo, talvez bastante, a janela do meu peito estava enguiçada. Não conseguia fechá-la completamente e entrava-me o frio, o pó, a chuva. Também não consegui abri-la porque tinha medo que o sol entrasse e me ofuscasse os olhos e a alma e me estragasse a madeira com o seu calor. E assim estive, com a janela que nem abria nem fechava, todos os dias limpava o pó e protegia a madeira com tapetes, tanto passava frio como tinha calor, sempre indecisa. Há uns dias resolvi por fim abri-la de par em par, para que por fim pudesse sair o frio que afinal vinha de dentro da mim e não de fora. E agora aqui estou, desacostumada da intempérie, da luz do sol, do canto dos pássaros, desabituada de mim com a janela aberta, sem saber o que fazer a este inverno disfarçado de primavera.

1 comentário:

Sra D. Susette disse...

Tem mesmo mesmo a certeza de que é um Inverno disfarçado de Primavera e não o inverso? Olhe que quando não estamos habituadas, uma brisa de Primavera pode ser tomada por um vendaval...