sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O monotema

O monotema é como a casa onde passámos a nossa infância: conhecemos-lhe os cantos todos mas conseguimos sempre descobrir uma esquina em que nunca tínhamos reparado, um objecto que não estava ali e agora está, um cheiro que nos lembra qualquer coisa e nos obriga a pensar o que será.
O monotema é bom quando temos alguém com quem podemos dissecá-lo, alguém forrado a amizade e paciência que nos dá a mão e horas de conversa sem fim.
O monotema dá-nos pretextos para pedidos de socorro e cafés e copos de vinho. Com alguma sorte, dá-nos o tempo para risos e suspiros e abraços e a certeza de que tudo vai melhorar.
O monotema pode ser trocado como uma colecção de cromos: um pedaço do teu em troca de um bocado do meu.
E de cada vez que voltamos aos monotemas (o meu, o teu, o dela) descobrimos que, afinal, ele é como um caleidoscópio: nunca se esgota e nunca é igual ao que conhecíamos. E a aventura recomeça.

5 comentários:

Sra D. Pilar disse...

há monetemas compostos por muitos pluritemas

Sra D. Susette disse...

Eu dantes não sabia que era possivel partilhar um monotema, foram as minhas amigas que me ensinaram.
As minhas amigas andam a ensinar-me a alegria. Ainda bem que não somos só educados pela família, poorrrra...!

Sra. D. Celeste disse...

Sai um monotema prá mesa 4 com um copo de tristeza e outro de espanto.

Saiem mais três monotemas prá mesa 6 com dois copos de alegria e um de desespero.

Saiem mais dois monotemas prá mesa 7 com um copo de malandrice e outro de dúvida.

E é mais um monotema prá mesa 10 com dois copos de escánio e um de condescendência.

.......

Sra D. Pilar disse...

ó Cleste, a menina é uma poetema!

Sra D. Susette disse...

Ó faxavor!
Desculpe lá mas trocaram-me o prato, eu era meia de monotema com um copo de ironia e um de ligeireza. Em vez disso só me trouxeram copos de auto-complacência e exagero...
NÃO FOI ISTO QUE EU PEDI!