quinta-feira, 14 de outubro de 2010

ainda a beleza

A propósito das palavras da Sra. D. Susette sobre o belo e o sexo, lembrei-me do meu Tio Álvaro. Dos muitos irmãos, o Tio Álvaro era o mais bonito, assim reza a lenda de família. Olho para as fotografias e percebo o que todos asseguram: no meio dos irmãos, a figura do meu tio paira sobre todas as outras e faz com que os restantes se dissolvam num nevoeiro de traços perfeitos mais ou menos iguais.
A história da beleza do meu Tio Álvaro é inseparável do incompreensível e estranho gosto que, aos olhos dos outros, este homem sempre teve por mulheres feias. Fazem-se listas dos seus amores, a manuela, parecia um homem, coitada, a teresa, não tinha ponta por onde se pegasse, a amélia, o que vias tu nela, álvaro?, a francisca, saiu-lhe a sorte grande, um camafeu como ela com um pêssego como tu.
O meu Tio ri-se e não diz nada. É a pessoa mais livre daquela família.

1 comentário:

Sra D. Susette disse...

É que o teu tio deve saber exactamente o que é isso da "beleza física" despida de todos os mitos e de todas as megalomanias.
A beleza física tem muito mais a ver com questões de poder e de estatudo social, do que com outras coisas.
O teu tio deve saber que nem o amor, nem sequer a qualidade do sexo, têm ligação directa com a beleza, quer dizer, com a boniteza.
É como dizes: O teu tio é um homem perfeitamente livre. Para o amor, para o sexo... e provávelmente para muitas outras coisas.
E isso sim, é muito Belo.