sexta-feira, 30 de abril de 2010

I've Lost My Mojo

Eu perdi o meu Mojo.
No Verão passado, durante mais ou menos sete meses, eu estava imparável.
Imparável e irresistível, pensava eu.
Era estalar os dedos, e eles aterravam-me no colo.
Era só sorrir o meu sorriso mágico e eles caíam que nem tordos.
Ele era homens, carradas e carradas de homens - e lindos, veja-se - a implorarem pela minha atenção.
Foi um dia, sem saber como.
Talvez seja por não saber como que agora O perdi.
Sem saber como, tudo o que era dificílimo tornou-se fácil. Tudo o que era perro e doloroso tornou-se fluido e morno, como as águas de um ribeiro ao sol.
O mundo dos homens sempre foi para mim uma coisa muito estranha. Quando foi tempo de aprender o que era um rapaz, eu estava fechada a sete chaves num colégio de freiras e o tempo de aprender passou por mim lá fora, a rir-se do meu desterro.
Nunca me recompus.
O mundo dos homens ficou irremediavelmente coartado do meu, como um membro profundamente necessário ao corpo que nunca tem força para nascer.
Durante anos revolvi-me no caixão do meu desespero, mordendo as unhas de fome, inconsolável.
Todas as tentativas de falar a língua da terra-dos-rapazes saíam infrutíferas, ridículas, patéticas.
Nunca sabia aceitar com naturalidade um elogio, uma abordagem.
Nunca senti no corpo nem na mente que os rapazes, agora homens, são só pessoas de pilinha.
Mas no Verão passado.
Anos e anos a labutar sobre a desgraça. Horas, meses, noites de eterna angústia e degredo e de trabalho, também.
No fundo do poço do degredo, a resignação.
"Não são para ti, os homens".
No fundo da resignação, a imaginação. Os Homens-Imagem, como lhes chamei. Para disfarçar com requintes parvamente intelectuais a tristeza da minha vida sensorial.
O erotismo, esse, era riquíssimo.
Eram as sensações que me faltavam.
Até ao Verão passado.
No Verão passado, foi a alegria a inundar-me o corpo. A Alegria, como uma corrente de vento fresco e perfumado a acariciar-me o rosto sussurando-me que afinal, o mundo é pleno de bondade.
Eu bem me parecia que não podia durar.
Eu bem me parecia que a Grande Cabra, a Puta, a Cadela Nojenta, não ia demorar muito até me encontrar e recomeçar a farejar-me as cuecas, a empestar-me a cara de vergonha, a morder-me as canelas que mal tinham recomeçado a cicatrizar.
A grande Cabra diz-me que afinal sou feia como era, magra e horrível como era; que não tenho direito a nada.
Não sei se ela já espreita por trás do território do Amante.
O Amante é o único homem que me resta, depois da debandada.
O Amante é, por agora, o único homem que ainda acredita nesse corpo que nasceu no Verão passado.
Mojo, volta por favor.
Mojo, não me deixes aqui com esta puta de merda a infernizar-me a vida.
Mojo. Por favor. Eu amo-te.
Volta.

6 comentários:

Sra. D. Celeste disse...

Ai meu dEUS sra.d. Susette minha boa amiga que até se me deu uma coisinha má ao ler tamanha alarvidade.

Perdeu o Mojo? Está louca a minha amiga, uma mulher como você giríssima e cheia de graça, bondade e generosidade, com classe que não acaba, com um sorriso lindo de morrer e uns olhos grandes e abertos para o mundo, uma maneira de vestir só sua e com itens interessantissimos, inteligente que se farta, interessante e boa conversadora, solidária e leal. PERDEU O MOJO????

NUNCA uma mulher como você nunca perde o MOJO ele anda é por aí afugentado por essa tal Cabra que lhe morde as canelas.
Quer me cá parecer que estamos a precisar de fazer umas revisões na matéria dada, voltar às conversas filosoficas das 4ºf´s e de uma vez por todas instituir as tertúlias.
Até lhe digo mais, ou se nasce com Mojo ou não.

Você está é aí com uma falta de visão qualquer e a ser invadida por pensamentos estranhos.
(o território do amante preocupou-me deveras)( e parece-me que ultimamente tem escolhido homens do tipo difícil, senão mesmo impossível)

Um beijo grande grande e sabe que a sua amiga Celeste estará sempre disponível.....

Ai Ai a grande tonta......

sdonasaramaria disse...

querida sdona susette, sabe que ainda antes de a ter visto pela primeira vez, quando só lia aqui no abrigo as suas palavras, já comentava que a sra era muito-à-maneira, era uma Senhora com s grande, sempre com disponibilidade e palavras de amor para as outras senhoras suas amigas. Quando a conheci nao tive dúvidas disso.
Ponha-se em frente ao espelho e olhe bem para si. olhe outra vez. é que me parece que o mojo está aí. está mesmo aí escondido atrás dos seus olhos ternos e generosos.só não vê quem não quer.
aqui vai grande abraço para si.

querida Celeste, estimo as melhoras. se precisar de alguma coisa é só dizer. estou mesmo aqui no bairro vizinho.muitois beijos

Sra. D. Celeste disse...

sdonasaramaria.
Já estou melhorzinha graças a dEUS.
Obrigada pela solidariedade.

Quem sabe se hoje mesmo não nos encontramos no bairro que nos entremeia?

beijos grandes querida amiga!

Sra. D. Celeste disse...

sdonasaramaria..

muito-à-maneira!??
LINDO. aliás palavras geniais que não ouvia à muito tempo.

vou já introduzi-las no meu léxico.

ó pra mim logo à noite no bairro que nos entremeia a dizer:
-Esse autor? é muito à maneira!
-Esta noite está muito à maneira!
-O teu comentário no blog foi muito à maneira.
-Viste a última cuta do blábláblá? è muito á maneira.
-A vida pós-moderna apesar de nos fazer girar 3.000 vezes por dia no nosso próprio eixo, é muito à maneira.

Sra D. Aurora disse...

querida Sra. D. Susette: a menina tem mojo em carradas.
Lance a grande cabra aos pitbulls, que ela merece ser despedaçada. Só assim pode gozar o seu mojo como ambos merecem.

Sra D. Susette disse...

Minhas queridas todas Só-donas, muito à maneira são as senhoras, que me aquecem o coração e me puxam o lustro à alma!
Vivam as senhoras! Vivam!