terça-feira, 6 de abril de 2010

Homo Desvairadus

Minhas caras amigas,
Hoje venho falar-vos de um espécime raro e muito perigoso: o Homo Desvairadus.
O Homo Desvairadus caracteriza-se pela combinação letal de loucura, inteligência e extravagância. A sua abordagem tem sido estudada pela Escola de Brighton sob a designação de 'caricatura improvável', visto que o Homo Desvairadus apresenta a capacidade performática de se ridicularizar a si mesmo, ampliando os excessos da sua personalidade de uma forma considerada irresistível pelas mulheres que sucumbem ao humor absurdo.
Passo a apresentar-vos mais um case study.
Cenário: madrugada etilizada em Lisboa. Homo Desvairadus convida a presa para um pequeno-almoço em sua casa. Passeiam no mercado. Homo Desvairadus caminha de óculos escuros entre flores e queijos e fruta, distribuindo acenos de rainha de inglaterra aos feirantes. entre passos de dança contemporânea pós-moderna. Ela morre de riso.
Homo Desvairadus 1 - Ela 0
Depois de uma manhã de sexo característica deste espécime (incansável, louco, divertido e absurdo) Homo Desvairadus avisa a sua presa: "Nunca mais te quero ver com um homem por perto". Ela ri e não leva a sério a caricatura de homem possessivo que tem à sua frente.
Homo Desvairadus 2 - Ela 0
Ao fim de umas horas de gargalhadas, orgasmos e intimidade, a presa está rendida aos encantos do Homo Desvairadus. Hipnotizada pelo humor e loucura, avança sem medo na corda bamba que poderá pôr em risco a sua brilhante carreira de mulher livre. A extravagância do espécime garante, aos olhos da sua presa, que nunca será mais do que uma aventura sem importância.
Este é o perigoso risco que o Homo Desvairadus apresenta para as mulheres que dele se aproximam: por baixo da pele de loucura e humor está uma tempestade de proporções inimagináveis.
Por isso, minhas boas amigas, fujam dele com quantos pés têm. Ou então encomendem a vossa alma aos céus e fechem os olhos. E depois digam-me como correu.

1 comentário:

Sra D. Susette disse...

Minhas senhoras.
Como sabem, tivemos a oportunidade de observar este espécime em acção numa incursão recente que fizemos ao seu habitat natural.
A Doutora Judite não exagera nas recomendações.
Todas se recordarão, estou certa, da acção colectiva a que nos vimos obrigadas a fim de evitar a baixa de um dos nossos elementos.
Foi com choque e estupefacção que quase vimos uma das nossas colegas ser devorada por este espécime, mesmo nas nossas barbas!
Toda a expertise ciêntífica decantada ao longo do nosso já tão vasto percurso académico foi posta à prova.
Ferramentas especialíssimas foram utilizadas - que privilégio ter podido testemunhar a execução da lendária Técnica dos Pauzinhos - e metodologias extremas testadas: Aplicação de estaladas na face, desencriptação de mensagens ocultas em cartazes e suportes gráficos afins, enfim, tudo o que tinhamos aprendido nos livros mas nunca tinhamos tido a oportunidade de ver a olho nú, foi posto em marcha!
Amigas. Senhoras. Doutoras.
O trabalho de campo é sempre uma grande lição.
Por mais conhecimento teórico que tenhamos sobre estes espécimes, nunca devemos subestimar a sua letalidade, a sua capacidade de acção.
Olho vivo, colegas. Olho vivo. Ponham os olhos na Doutora Judite... BEM ABERTOS.