quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Há pessoas....

....que são assim na nossa vida. Vão e vêm, mas na realidade estão sempre lá.
Esta pessoa é a primeira pessoa de que me lembro, da minha idade, para além de mim.
Sempre fomos muito diferentes em muitas coisas, mas partilhamos um material qualquer que nos tem mantido unidas até hoje.
Ela gosta de 7up e eu de Coca-cola, ela come quilos de fruta e eu adoro croissants de chocolate, ela guarda tudo e não fala, eu rebento falo muito e depois arrependo-me, ela era mais namoradeira na adolescência agora sou mais eu.
Há muitos anos atrás eu fiquei chateada quando ela beijou o rapaz de quem eu gostava e ela deve ter ficado chateada quando percebeu que eu gostava do namorico dela, mas nem isso nos fez ficar muito muito chateadas uma com a outra.
Depois existem outras coisas, o funeral do gato recém-nascido, as férias da Páscoa na Beira-Alta, as brincadeiras aos detectives em que descobriamos droga no sótão, as fugidas de casa e as subidas ao telhado do meu prédio, a descoberta do mundo dos rapazes e que eles eram "giros hihihi!", as brincadeiras na rua e quando saímos vestidas com as roupas das nossas mães e tinhamos de fugir dos rapazes, as brincadeiras com as Barbies e a Cindys e de quando fingiamos adormecer em casa uma da outra para podermos dormir lá.
Depois afastámo-nos um pouco durante uns anos sem nunca desaparecer totalmente.
Há uns anos reencontrámo-nos e percebemos novamente temos muito em comum e que partilhamos mundos muito próximos. Há também a certeza de que tenho um quarto sempre à minha espera e a certeza de que basta um telefonema em pranto para eu largar tudo e ir a correr.
Tudo isto faz-me sentir que é assim, há pessoas que de alguma maneira nunca sairão das nossas vidas.
Sabes bem que isto é para ti minha querida tal como eu sei que mais dia menos dia virás aqui ler isto.
Um beijinhos cheio de uvas e tacinhas da tuperwere.

1 comentário:

Sra D. Susette disse...

Também eu tenho "uma pessoa" assim, com quem partilhei a infância toda, e que guarda dentro de si um dos retratos mais completos da minha pessoa.
Tão completo, tão completo, que às vezes até lhe levo a mal, tadinha.