sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Eu e a cidade

Este ano anda esquisito. Ou então sou eu que ando esquisita e passeio por sítios estranhos e tenho encontros bizarros. Ou então crescer é mesmo isto, sair do útero materno onde tudo e todos são bonitos bem intencionados felizes e equilibrados e dar de caras com um mundo cheio de pessoas que carregam às costas dores das quais não querem não conseguem não podem libertar-se.
Há dias reli A Sonata de Outono do Tolstoi e encontrei a frase que resume o que vejo ao meu lado: "Na cidade, uma pessoa pode viver cem anos e não reparar que já morreu há muito e apodreceu".
Às vezes apetece-me tocar-lhe no ombro e dizer-lhe isto baixinho. Mas depois percebo que já passou tempo demais para o poder trazer de volta à vida.
(custa-me tanto ser ateia e não acreditar nestes milagres)

1 comentário:

Sra D. Susette disse...

Como a entendo, D. Aurora.
Também eu carrego a cruz do ateísmo.
A verdade é que acho que sou católica em tudo, menos na religião.
A puta da mulher católica, para além de nunca mais me desamparar a loja, não me ajuda em nada e só me estraga os passeios pela cidade.
...E olhe que a nossa queda para a taxidermia também não ajuda, hum?
Nada pior do que um taxidermista ateu.