domingo, 11 de dezembro de 2022

  No meu outro país podemos mudar de nome 1 vez a cada 10 anos.

Na realidade  o meu nome é Valentina, Valentina Bjørnsen .
O meu nome não tem nada de especial, somente quer dizer que algures nos meus antepassados existiu um Bjørn que teve um primogénito a quem deu o nome de Bjørnsen que quer dizer nada mais que filho de Bjørn.
A partir daí a todos os seus descendentes foi atribuído este apelido até à minha geração e por aqui há-de ficar pois não quero ser mãe e o meu pai não teve irmãos.
A título de curiosidade se tivesse sido uma primogénita seríamos todos Bjørndatter.
Quem escolheu o meu nome foi o meu avô, deles, dos meus avós paternos só herdei metade dos meus genes noruegueses e uma camisola cinzenta de lã tricotada pela minha avó com um botão de osso de baleia esculpido pelo meu avó.
Esta camisola pertencia ao meu avô e era a sua favorita para ir à pesca. Dava-lhe sorte e via sempre uma baleia. Na minha juventude ofereci esta camisola a um beto surfista da Praia Grande com quem eu achei que ia ficar comigo para toda a vida.
O meu avô queria me chamar Hjørdis, Hjørdis significa Deusa da Espada ou Deusa Guerreira.
O meu pai não quis pois iríamos viver em Portugal e já bastava aquele apelido que ninguém saberia pronunciar quanto mais ser Hjørdis Bjørnsen. Ficaram 6 meses sem se falar, o meu avô praticamente não viu a minha mãe grávida  mas no dia em que nasci ele chorou muito e chamou-me Valentina, Valentina significa valente, eu fui a sua primeira , e única, neta e assim fiquei Valentina porque na família do meu pai raramente nascem mulheres.
O meu avô sempre me chamou Val que em norueguês  (Hval) quer dizer baleia. O velho era teimoso.
Quanto à camisola arrependo-me de morte, pois apanhei o beto surfista a curtir com a minha “melhor amiga” e eu adorava aquela camisola.
Contei ao meu avô e ele esclareceu-me com a sua sabedoria nórdica que eu era mais bonita e inteligente  que o rapazola, e que não se dá o nosso coração a ninguém mesmo que se ame essa pessoa,
Fez-me pequenas esculturas até à sua morte.
Sinto falta da camisola, cheirava ao meu avô.

3 comentários:

Sra. D. Susette disse...

Só-dona Valentina,
vejo que atravessou um oceano para nos ver. seja bem regressada. o sabor da sua posta é de uma lonjura...
consigo, sinto-me com mais coragem para, também eu, me pôr ao caminho.

Sra. D. Lola disse...

Querida Sra Dona Valentina,

Foi a primeira a voltar e, bem-aventurada seja, ajudou-me muito a cá chegar também.
Estou a gostar de começar a conhecê-la e fiquei curiosa sobre a sua vida.
Parece-me uma mulher sagaz e tenaz.
Isso é bom, que aliadas fortes e firmes nunca são demais.
Até já, abraço-a

Sra D. Pilar disse...

que estranho, já tinha deixado aqui um comentário há uns bons dias e não ficou...

de qualquer maneira, obrigada querida sodona Valentina por ter sido a primeira a regressar desta sabática e nos ter embevecido com este post. Fez-me lembrar do meu avô, também ele um homem de mar, mas a cortar batatas no porão do navio e a servir às mesas. Não me lembro do seu cheiro, e nem sabe a pena que tenho por isso